Carta Mensal Educacional |
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Publicação do Instituto de Pesquisas
e Administração da Educação |
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ano 19 - nº 127 - março de 2011 |
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Qual o futuro para as escolas no Brasil? João Roberto Moreira Alves (*) Durante um dos grandes eventos mundiais sobre a educação, realizado no Chile, em 1995,sob os auspícios da Organização Universitária Interamericana, foi apresentado um relevante trabalho sobre o futuro das Américas. Os estudos foram realizados pela Fundação Canadense para as Américas, entidade independente criada no início da década de 90 que fomenta a cooperação comercial, acadêmica, política e cultural entre o Canadá, América Latina e Caribe. Decorridos mais de quinze anos é possível se fazer uma comparação entre as previsões e a realidade atual vivida entre os povos do continente. Mesmo com o passar dos anos é possível se ver que há sempre quatro cenários para os povos e organizações e os mesmos decorrem de ações concretas das políticas e das práticas dos dirigentes. A elaboração de cenários tem que ser sempre fundamentada em análises detalhadas dos fatos regionais e globais. O texto científico que foi um dos mais importante documentos referenciais desses últimos anos e permanece bastante atual, podendo ser aplicado à quaisquer segmentos. Com o passar do tempo, apesar de terem sido notadas mudanças conjunturais, com maior ou menor intensidade, a visão de conjunto se mostra com certa similaridade. As maiores conquistas são provenientes de boas práticas, que alimenta o progresso. As crises que abalam grandes potências e instituições, trazem reflexos nas em desenvolvimento. A capacidade de absorção dessas transformações é o marco referencial sempre citado pelos especialistas. Os estudos apresentados no Congresso da OUI destacaram a existência de quatro cenários: o primeiro, o mais promissor, é chamado de "voo do Condor"; o segundo, de "delfim ferido"; o terceiro, de "jaguar cativo" e o último, de "fênix renascente". As figuras foram criadas dentro do simbolismo continental. Os caminhos - e resultados - são bastante diferentes. O primeiro cenário pode simbolizar o voo do Condor, sempre majestoso, previsor e sensível às mudanças. Essa ave é uma "máquina" que atinge grande eficiência. Enquadram-se nesse grupo os que se mostraram abertos à expansão, renovam a confiança em novos modelos e reconhecem a necessidade de reformas. O futuro se desenvolve em ambiente mas favorável. Já o segundo é retratado pelo delfim, que é tão eficiente como o condor e possui um sonar que permite detectar o perigo a distância e reagir ante aquilo que lhe ameaça. Para esse animal o mar é mais que um campo de jogo. Mas, por vezes, é descuidado e perde de vista os riscos dos predadores naturais que convivem na mesma área. Quando ferido, não consegue recuperar sua agilidade e sua queda é, em muitas das vezes, de difícil reversão. Na sequencia comparativa, o terceiro cenário pode comparar-se a um jaguar cativo. É um elegante e poderoso animal que concentra suas forças mas, quando triste e ressentido, não encontra escape e ali permanece esperando que alguém o libere. Por fim, o cenário quatro é representado pelo fênix renascente. Encontra primeiro o desastre da selva onde sempre viveu e que se encontra destruída. A ave, consumida pelas chamas, renasce das cinzas e consegue recriar a selva, desta vez mais esplêndida qual a anterior. A análise feita pela agência canadense serve de reflexão para o quadro das escolas brasileiras. Quantos estabelecimentos condor, delfim, jaguar e fênix são conhecidos? Numa rápida análise feita nesses últimos anos sentimos que os cenários foram alterados fortemente para todos. Uns, aproveitaram as oportunidades e se desenvolveram. Outros ficaram estagnados e muitos regrediram. Excelentes escolas não mais existem. Outras, relativamente novas, despontaram para o sucesso. Não basta contar com uma capacidade de reversão. É preciso muito mais: estar permanentemente observando as perspectivas e ameaças. No processo de gestão a análise "swot" foi incorporado no cotidiano de muitos, mas está esquecido para uma grande parcela das organizações. Identificar os pontos fortes (strenghts), os fracos (weaknesses), as oportunidades (opportunities) e ameaças (threats) é a base para um plano estratégico, de longo prazo. O futuro decorre de ações e essas são provenientes de decisões de seus líderes (*) Presidente do Instituto de Pesquisas e Administração em Educação (IPAE 162 - 03/11)
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