Publicação do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação
ano 11 - nº 65  de janeiro de 2006
ISSN 1414-4778

 

                0s aspectos controversos sobre a existência de uma política     nacional para a educação a distância no Brasil

    As primeiras iniciativas formais de educação a distância no Brasil datam de 1904, quando foram criadas as Escolas Internacionais.Embora existam provas concretas que desde 1891 o ensino por correspondência já era oferecido como alternativa de formação profissional o marco referencial ficou sendo a criação do estabelecimento de ensino, tendo em vista possuir uma estrutura organizada e de duração de longo prazo.

    No decorrer desses mais de cem anos as grandes iniciativas partiram do setor privado que promoveu as suas ações sem necessitar da permissão do poder público.

    Na fase inicial, além da educação presencial, a única forma possível de disseminar o conhecimento era através de correspondência.  As escolas eram livres para escolher as metodologias e produziam os conteúdos que, por sua vez, utilizavam os correios.

    Apesar dessa prestação de serviços ser estatal (uma vez que os correios e telégrafos sempre foram monopólio do governo) o poder público era um simples transmissor dos conteúdos pedagógicos.  Essa prática permanece, em nosso país, até os dias de hoje.

    Um segundo meio utilizado para a EAD foi o rádio que surgiu em 1923 com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

    Aliás um dos primeiros objetivos da emissora era o educacional. 

    As escolas por correspondência e radiofônicas exerceram um grande papel durante toda a primeira metade do século 20.

    Depois vieram o cinema e a televisão, ambos decorrentes de investimentos privados.

    Alguns programas educativos foram gerados à época, entretanto sem um processo mais estruturado, o que só veio acontecer com a criaçao do Centro Brasileiro de TV Educativa.

    A Funtevê surgiu como um órgão vinculado ao Departemanto de Aplicações Tecnológicas do Minstério da Educação que à época, incorporava as ações do âmbito da Cultura.

    Somente em 1972 surge o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL) com o objetivo de integrar, em âmbito nacional, as atividades didáticas e educacionais, por intemédio do rádio, televisão e outros meios.

    0 decreto que o criou teve vida efêmera e um mês depois foi revogado.

    Um outro ato do governo revigorou o Programa mas, logo em seu artigo primeiro, deixou explícito que o mesmo era um organismo de natureza transitória.

    Em fins dos anos 70 o Ministério da Educação registrava a existência de 31 estabelecimentos de ensino que utilizavam EAD no Brasil.

    A partir de 1970 algumas portarias e decretos foram baixados com medidas voltadas para apoiar o desenvolvimento da radiodifusão educativa.

    Iniciativa pioneira ocorreu em 1988, quando foi constituído um grupo de trabalho com o objetivo de elaborar "uma política de EAD e formular propostas de cursos a distância".  Em fevereiro do ano seguinte foi apresentado o texto final do documento intitulado "Por uma Política Nacional de EAD".   Destacava-se a proposta de criação do INED - Instituto Nacional de Educação a Distância que acabou não prosperando.

    Em 1992 surge um documento oficial estabelecendo uma Política de Educação a Distância ou Teleducação.  0 resultado positivo da iniciativa foi o forte apoio ao projeto piloto "Um Salto para o Futuro", criado um ano antes.

    A edição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em dezembro de 1996, trouxe, pela primeira vez, a inserção formal da EAD em todos os níveis, sendo positiva em todos os sentidos.  Antes as normas legais, falavam mais em ensino supletivo com apoio dos correios, rádio e televisão.

    A mesma lei exigiu que se criasse um Plano Nacional de Educação, de duração plurianual.   Duas propostas surgiram, sendo uma do Poder Legislativo e outra do Executivo que acabaram se fundindo num documento extenso e inconsistente, com poucas propostas objetivas sobre a educação a distância.  0 PNE foi aprovado em 1991 prevendo ações para dez anos.

    0 presente estudo mostra que não temos, na verdade, uma Política Nacional para a Educação a Distância no Brasil.

    Aliás, não conseguimos obter, do poder público, sequer uma política nacional para a educação, no sentido mais amplo.

    Há controvérsias se deveríamos ter uma política setorial para a modalidade.

    Diversos debates ocorreram sobre o assunto, especialmente a partir do 3º Encontro Nacional de EAD, realizado em 1991, quando o tema "A política nacional de EAD" foi amplamente debatido.

    Inexiste um consenso entre os doutrinários sobre o assunto. Particularmente nos aliamos aos que entendem que o Brasil não deve ter um tratamento especial para EAD.  Estamos carentes de políticas públicas  consistentes para alavancar o desenvolvimento da educação e nelas existirem dispositivos para todos os níveis e modalidades.

    A matéria deve ser amplamente estudada pela sociedade civil e pela comunidade acadêmica levando-se as conclusões e propostas ao poder público.

    Não devemos ficar mais esperando que as autoridades constituídas tomem a iniciativa. Aliás tempo não faltou para isso. Diversos governos passaram e nada surgiu de novo para beneficiar amplamente a população e resgatar a enorme dívida social acumulada ao longo dos anos.

    É hora de passarmos das idéias às ações!

    O país não pode mais ficar numa posição passiva. Precisamos democratizar a educação de qualidade usando, inclusive, as tecnologias aplicáveis aos processos de aprendizagem e possibilitar o efetivo ingresso em novos tempos.

 

                                      João Roberto Moreira Alves
Presidente do Instituto de Pesquisas
Avançadas em Educação


(IPAEduc - 123-01/06)

 

EXPEDIENTE

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FICHA CATALOGRÁFICA
Carta Mensal Educacional
- N. 1 (dez. 1996). - Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, 1996 - N.1 ; 29.5 cm   Mensal
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1. Direito Educação - Rio de Janeiro - periódico. I.  Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. CDU 37.014.1(05)